AFUNDADO EM 6 DE ABRIL DE 2004

© R.X. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

19.1.10

TEMPLO AO TEMPO

«Não tenho tempo!»
Dizem uns aos outros
Como se fosse
Uma coisa séria,
Pensada,
Enfim,
Verdadeira.
Mas é, apenas,
Uma maneira
De esconder
A verdade
Quando
Não se sabe
Mais o que
Dizer.
Eu, o que
Tenho mais
É tempo;
Tanto
Que até
Lhe construí
Um templo.
Adoro-o
Todos os
Dias
Mas sem
Manias,
E quando
Posso
Troco-lhe
O passo
E fico
Sentado
Ao seu lado,
A pensar
No que
Lhe vou
Perguntar.
Mais tempo?
Para quê?
Para quem?
Para quando?
Pois eu
Estou bem
Assim,
Desde
Que ele
Não se atrase.
Além do mais
Está quase...

DOCE NA CABANA

O sol, a espreitar por detrás dum calhau do tamanho da lua, prepara-se para aquecer tudo e todos; quer queiram, quer não, pois é verão.
Raramente me apetece, e muito menos o faço, mas decidi levantar-me mais cedo, arejar, amplamente, a cabana, e cozinhar (ou será confeccionar?) um doce.
Mas a culinária não é o meu forte, e talvez um doce na cabana não altere essa moda.

OS BANQUEIROS DO EXTERMÍNIO DA VONTADE

Desde sempre que o sistema capitalista tem um defeito de fabrico que o impede de, pelo menos, ser perfeito; e não afirmo mais perfeiro mas PERFEITO!
Históricamente é possível re-ver todas as grandiosas maldades que em seu nome se cometeram; todas as irracionalidades e todos os crimes –que ficam, em 9% (conclusão minha!) dos casos, orfãos e sem consequentes penalidades- e, se não fosse por mais nada, a obscenidade de alguma riqueza deveria de arrasar a questão e mandar os culpados pedir esmola. Mas não, apenas impola, ainda mais, a bolha e mantém a insanidade do querer a par da sanidade do ter. Se melhor prova fosse necessária para provar a insanidade desta humanidade não a encontraríamos; agora que a temos não a usamos para nada!

17.1.10

HELP

São 4 da manhã, fui à polícia já há mais de meia hora, mas a festa continua e polícia nem vê-la -apesar da senhora me ter comunicado, pelo intercomunicador, que iria mandar alguém.
Mas o grave são os graves que abanam todo o prédio; ainda por cima a música faz eco no prédio em frente. Enfim, Amsterdão já não é o que era, e eu não conto adormecer antes das 6 da manhã. E das duas uma, ou os meus vizinhos são mais duros de ouvido que uma pedra, ou, então, não estão legais!!! Hum!

12.1.10

AGRA(DA-ME)

As nuvens cinzentas estão tão tristes que choram sem parar. E o chão, já tão ensopado, não quer engolir mais água; parece um lago, e se tem ervas um arrozal. As árvores, meio despidas e com folhas envelhecidas, transformam a vista num belo quadro (melhor do que os pintados). Mas os pinheiros ainda tem as folhas verdes, e eu, de repente, voltei à minha infância com tamanha alegria que só me apetece correr por esta terra imaculada, e inspirar a frescura, os cheiros e as fantasias que por lá andam à mão de apanhar. O rio, alimentado por múltiplos riachos, espontâneos ou renegados, corre enfurecido, batendo nas pedras e salpicando tudo. E até o vento não quis faltar a esta festa; naturalmente espontânea. Parece que (re)encontrei o meu paraíso!

5.1.10

DAY SAY 31

Eu tenho dois corações; um bate e outro leva!

Eu say bater!
©manxa2010

COMO É QUE EU VOU DIZER AO MORTO QUE ELE ESTÁ MORTO?

Opressões, incompreensões, enganações e falta de tesões, há séculos (mais do que milénios) que nos consomem a vida como se a vida fosse para consumir assim; de faca e garfo. Mas hoje, as culinárias (e as receitas) são outras; menos cozinhadas e mais cruas. E os ‘chefes’ já não sonham com estrelas mas com paraísos: artificiais, fiscais... ou, simplesmente, carnais.

ROBOTRALHA

O futuro das famílias, do trabalho (da liberdade) e do lazer passará pelos robotralha; trabalham tanto como os japoneses e são tão baratos como os chineses (sem o problema da qualidade). Assim, e para que percebam o meu raciocínio, cada família deve ter direito a uma destas máquinas, que trabalhará (e ganhará o pão) enquanto a família se dedicará, por inteiro, à jardinagem –e outras coisas boas- ficando, depois, com os ganhos salariais do mesmo. Este, por sua vez, encarregar-se-á da auto-manutenção, não terá segurança-social e quando tiver de se re(ciclar)formar não terá necessidade de pensão. Ou o que quer que seja.
Só vantagens! Encomende já!

SAPATILHAS DE DEDO

Antigamente (a minha palavra favorita para demostrar o quão experiente sou) corria-se por gosto, por necessidade e de qualquer maneira. Hoje... bom, é preciso vontade, depois sapatilhas sem atrito, calças/calções justinhas, camisola/t’shirt da mesma pinta, casaco de chuva para quando não/está a chover (ainda estou para ver quando chegarão os guarda-chuvas para sapatilhas...) mp3 com uma selecção musical sem altos nem baixos, um cinto com várias garrafas contendo vários líquidos, qualquer coisa para medir o bio-ritmo (ou a pulsação e a tossse...) e, em casos de vanguarda, um treinador pessoal e, nos casos de rectaguarda, guarda-lamas mesmo. Enfim, já não me apetece correr tanto como antigamente.