Longe vão os tempos em que os missionários abdicavam, entre várias abdicações, de comer para dar aos pobres!
Agora, doar –mais parecido com doer do que com dar, e que vai dar ao mesmo!- está em voga, e deixa-nos preocupados: quanto vamos doar? Vamos ser convidados para o próximo Ajuda ao Vivo daqui a 20 anos? Chamamos a televisão? Manda-mos um press release? Please!
O ser humano, no fundo, tem bom coração, e de vez em quando partilha o que tem a mais. O pobre também tem bom coração e recebe de mãos abertas; só lamenta que a partilha seja como sempre: de esmola. É que ele preferia, no mínimo, logo metade da pirite!
Mas tudo está a melhorar, pelo menos a olhos vistos, e há cada vez mais profissionais envolvidos, e pagos, assessorados por um exército de formigas de cigarro no canto da boca. Mas o futuro, das doações, suas organizações e demais assalariados, ajudas ao vivo, parece, no meu ponto de vista, muito incerto, e é quase certo que tem os dias contados; já que antevejo que os governos irão tomar o problema em suas mãos e erradica-lo sem demora.
E o missionário poderá voltar à sua terra natal e abdicar de abdicar!
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