Apaixono-me muito mas
Por pouco tempo; não porque
Não tenho tempo mas porque
Não tenho paciência.
Isto cria-me várias desarmonias,
E, assim, não posso compôr
Música de jeito, nem ir prá
Cama com ela(s).
Um ano, dois anos, muitos
Anos e a ‘coisa’ passa a ‘coiso’,
E o coito é excluído sem anestesia.
De fora ficou a língua afiada,
A caça refinada, o sossego aparente
E a recompensa diária.
Também os filhos queridos,
As sogras dedicadas,
E outros familiares menos chegados.
Também as nódoas negras,
O romance afectado, os planos
De poupança-reforma, e até
A licença de parto e o divórcio.
E a capacidade de amar,
Será muito afectada?
Perderei eu mais humanidade?
Deverei de ser julgado e condenado?
Terei direito a um subsídio
Especial como incapacitado?
Bom, tudo questões que deixarei
À política. Menos estas duas:
E todas as coisas que perdi,
Estarão mesmo perdidas?
Ou é apenas mania de inveja,
Antiga e saloia?
Por fim, é melhor dar um
Fim a esta ‘coisa’ antes que
A ‘coisa’ finte o ‘coiso’.
Amsterdão, 2009-06-15
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