Há vários anos, oito para ser preciso, que vivo fora de Portugal (mas sempre ligado –infame necessidade!) e sempre preocupado com o andamento, que era mais lento e mais benigno, da lusitana carruagem. Resta-me o Verão para matar saudades durante algumas semanas, e a Primavera para a curta, mas fundamental, visita de médico. E a sensação, tão simples como isso, é a de que o civismo (sempre lento e bruto) se está a perder à razão de um “terrorismo” sem leme, que se instalou –no homem- por todo o país. E na minha humilde condição de artista de artes desconhecidas, e de trabalho ma(nua)l remunerado, vejo-me defronte do espelho inquirindo: “espelho meu, há alguém mais querido do que eu?” “Sim, há quem ande de jeans, e esgazeado, a semear tempestades: tristes e balísticas, gratuitas e caras, dentro das “lojas de inconveniências” que germinaram em quase todas as esquinas, e nem o rico –muito menos o pobre- têm dinheiro suficiente para pagar a exorbitância.”
in A Caminho de Fátima: devotos e de botas – edição de capa dura pela Brota Editores © 2000 e 7
Sem comentários:
Enviar um comentário