Outra das iminências pardas da política portuguesa, Cavaco e Silva, disse, e muito bem, a partir da cidade Invicta também, que vamos continuar a empobrecer até 2006. Das duas uma, ou é mau porque teremos mais dificuldades em alimentar a família, e em pagar as facturas –vivendo num dos países mais caros da Europa (não, não é ficção, e muito menos para rir; ou será?) ou é bom porque a partir de 2006 vamos enriquecer (como à muito é esperado –deverá de estar escrito no Astral portuga) e, finalmente, ter pataco suficiente para mudar a familia, o mobiliário, o gato e o cão, para um país onde o futuro esteja assegurado por políticas menos dadas às festividades gloriosas da política-espectáculo, ou às habilidades malabaristas do empresário-artista. Bom, aqui fica o registo e a dúvida. E mais um excertozinho da memória passada.
«No tempo da nossa prosperidade e da nossa gloria o povo era extremamente instruido. É certo que não sabia ler. Mas saber ler não constitue propriamente instrucção, mas sim um dos meios de instrucção. Ora o povo dispunha então de outros meios superiores á leitura. O marinheiro e o soldado educavam-se nas grandes viagens, os operarios educavam-se na confecção das mais bellas obras de arte, como o convento de Thomar, os Jeronymos, as capellas imperfeitas da Batalha, a torre de Belem. O povo de então não sabia ler os livros, mas sabia mais do que isso: sabia fazel-os. Foi o povo que ditou as narrativas sublimes da Historia tragico maritima, o mais admiravel, o mais bello, o mais dramatico, o mais commovedor, o mais eloquente livro de que se póde gloriar a litteratura de uma nação.
A isso chama o sr. conde de Rio Maior achar-se pouco diffundida a instrucção! E conclue d'esse absurdo que um povo póde attingir a prosperidade sem sair da estupidez!» in As Farpas: Chronica Mensal da Politica, das Letras e dos Costumes - Eca de Queiroz Ramalho Ortigao
«No tempo da nossa prosperidade e da nossa gloria o povo era extremamente instruido. É certo que não sabia ler. Mas saber ler não constitue propriamente instrucção, mas sim um dos meios de instrucção. Ora o povo dispunha então de outros meios superiores á leitura. O marinheiro e o soldado educavam-se nas grandes viagens, os operarios educavam-se na confecção das mais bellas obras de arte, como o convento de Thomar, os Jeronymos, as capellas imperfeitas da Batalha, a torre de Belem. O povo de então não sabia ler os livros, mas sabia mais do que isso: sabia fazel-os. Foi o povo que ditou as narrativas sublimes da Historia tragico maritima, o mais admiravel, o mais bello, o mais dramatico, o mais commovedor, o mais eloquente livro de que se póde gloriar a litteratura de uma nação.
A isso chama o sr. conde de Rio Maior achar-se pouco diffundida a instrucção! E conclue d'esse absurdo que um povo póde attingir a prosperidade sem sair da estupidez!» in As Farpas: Chronica Mensal da Politica, das Letras e dos Costumes - Eca de Queiroz Ramalho Ortigao
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