Comecei com uma fome doida
Excitado
Comi bons bocados
Uns doces
Outros salgados
Muitos amargos
E tantos sem sabor
Mas a digestão é lenta
E a paciência desespera
Não espera com paciência
E eu, louco e parvo,
Tomo digestivos e
Bebo aperitivos
Tudo por entre palitos
Lânguidos gritos
E rebuscados mitos
Procurei o doutor
Visitei a bruxa
Ouvi falar do curandeiro
Cresci nas barbas do pároco
Brinquei com o menino Jesus
Mas o tempo azedou
Divorciei-me
Embebedei-me
Espetei-me
Esquivei-me
Queimei-me
Escondei-me, senhora,
Escondei-me debaixo do vosso pranto
E eu beijarei as vossas curvas
Mais audazes e desprotegidas
Teremos, depois, um filho
E apaziguarei a minha fome,
Creio…
Quero comer o mundo
Amsterdão 9 de Março 2003 23:52
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