AFUNDADO EM 6 DE ABRIL DE 2004

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12.11.04

FUI VER OS AVIÕES ATERRAR

O produto Terror parece ser o mais consumido pelos nostálgicos da comunicação social actual.
Enterrado que está o passado, o presente reveste-se de capital importância para o jornalismo... do futuro. E as notícias fresquinhas, sobre tão ilustre produto, chegam de todo o lado (como os alimentos que enfeitam os nossos indispensáveis supermercados) bem embaladas e prontas a digerir sem grande, ou mesmo algum, esforço ou sabor. Este produto, um dos que mais saida têm tido, sem dúvida, no mundo civilizado, é produzido, pelo senhor que partilha do mesmo nome, na propriedade Aterro Sanitário, e embalada em vácuo. Os aviões aterram, diáriamente, vindos de quase todo o mundo desenvolvido, carregadinhos deste tão refinado ingrediente; indispensável aos braços de ferro que sustentam as traves mestras deste globo. Mas como diz cá o meu povo: «Comer só batatas não é bom; nem para a saúde, nem para crescer!»

Aqui estão 3 links para uma vista de olhos no excelente programa da BBC (como sempre, uma referência maior nestes tempos da informação empacotada e de dúbia qualidade) “The Power of Nightmares”, dividido em 3 partes: “Baby It’s Cold Outside”; “The Phantom Victory"; “The Shadow In The Cave”, e a partir destes podem aceder a informação relacionada.
Num trabalho de verdadeiro e isento jornalismo, apresentam-se factos, descontroem-se mitos, e, acima de tudo, revela-se um pouco do muito que se passa nos bastidores. O terror não mora só aqui, e alguns dos líderes do nosso querido ocidente que com ele lidam mais directamente, não só não compreendem a verdadeira dimensão do fogo, tão pouco as suas causas, como não se cansam de lançar mais gasolina –mesmo com os preços do petróleo no seu auge. E que a ETA já o usa há várias décadas. E que a Irlanda do Norte já lhe conhece bem o sabor. E a Itália das Brigadas Vermelhas e da Mafia. A América do Ku Klux Klan. Angola, Moçambique, Timor, Israel, Palestina e Etiópia. África do Sul, Sudão, China e Rússia. Portugal; antes e depois da ditadura. Infinitamente por esse mundo fora... Só mesmo quem nunca sentiu a pobreza e a miséria; só mesmo quem têm como objetivo único o lucro a todo o custo; só mesmo quem pensa que a sua vida é o centro do mundo; só mesmo quem não sabe ver é que pode dar-se ao luxo de falar assim tão levianamente deste pão-nosso-de-cada-dia de tanto ser vivo -que mais não é do que um mero objecto de que se dispõe ao sabor da toada. Porque não são só carros armadilhados, ataques suicídas, terrorismo profissional -patrocinado por ditaduras ou por democracias, guerras limpas e guerras sujas. É tudo isto e muito mais.
Parece-me, também, que a nossa Europa está a acordar, não do pesadelo mas directamente para o meio dele. Esperemos que tomem a medicação adequada, e prescrita fora dos lobies da indústria que assola a política como um cancro maligno, e os militares com assomos de quixotismo. É verdade, os tubarões vegetarianos andam por aí...

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