AFUNDADO EM 6 DE ABRIL DE 2004

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21.2.08

DISCURSO INTELIGENTE DE UM PRIMEIRO-MINISTRO IMAGINÁRIO A UM PAÍS À PROCURA DUM ENDIREITA, E CUJO POVO É MUITO BAILADOR

Estou muito contente por ser o vosso primeiro Primeiro-Ministro. O país está no bom caminho, e a caminho de se sagrar campeão em todas as frentes; incluindo as de trás. E os ministros que me acompanham, assim como todos os seus acompanhantes e seus acompanhantes, esforçam-se, como tolinhos passe a expressão, para vos servir com, ou sem, curso universitário, experiência, ou não, de governação, carácter, ou personagem, em guest appearance, e, óbviamente, com uma total abnegação e fé cercadas.

Sem querer alongar-me tanto como Castro, gostaria de sintetizar as nossas principais metas, e sucessos, quer a titulo pessoal, colectivo e atlético. Assim:

- a saúde está a ser tratada, muito bem medicada e com um total encaixe administrado de lés aos pés das camas;

- as finanças estão a ser muito procuradas -essencialmente por formulários, atrasados e agências- muito bem geridas e com um total encaixe depositado de contas e de subtracções no ratio de um para um, conseguindo, assim, o envolvimento total do país e dos pais;

- a educação está a ser educada sob os auspícios de uma liberal visão anfiteatrica, desde a mais tenra idade, e com mecanismos nunca antes arrojados pela escadaria dos anos escolares acima, quedando-se, patamar-a-patamar, em absoluta convergência com os parâmetros estabelecidos em centimetros, quando não ao milimetro;

- a justiça exercita o seu músculo diáriamente, incluindo os fins-de-semana, com maior assertividade e pujança devido ao nosso plano, traçado e cronometrado, de maximização e optimização dos pesos e das balanças na aferição dos maltratados, dos enganadores e dos culpados;

- o parlamento, e o governo também, tem agendas extremamente secretariadas, telefonadas, até mesmo inter-netadas, num ex-forço para que a realidade dos desafios seja equitativa à realidade das nossas possibilidades, assim como, para que os governados saibam quando estamos bem ou mal-dispostos, e nos poderem dar, consequentemente, tempo de recuperar o sono e reparar na paisagem e a buracada que for aparecendo;

- nos campos, nos ares e nas águas militares, as compras são a melhor defesa, e os rendimentos o melhor ataque: tudo preparado durante exercícios a fingir e em segredo de quem sabe: que é não só a alma do negócio como, a melhor táctica para evitar o corpo-a-corpo;

- na ordem está a polícia, garantindo, na primeira, segunda e terceira pessoa do singular, o cumprimento da lei, a fiscalização primária, a investigação, as concertadas e os controlos anti-doping: o crime é um facto, mas a sua diminuição, senão mesmo castração, é um objectivo há muito conseguido, havendo, aqui e ali, pequenas escaramuças assumidas por indigentes e delinquentes desassossegados;

- por último, sabendo que muito ficará por dizer mas seguro de que o resumo toca os quatro cantos do quadrado, gostaria de falar do excelente trabalho pessoal das chefias do Banco de Principal, desenvolvido por entre milhares de apontamentos, debaixo de um ensurdecedor tilintar de metal - claro, devidamente eliminado pelo uso de orelhas moucas transportadas em carros exclusivos- e em que antevejo um sucesso descomunal nos fins lucrativos da nação em geral, e em particular dos nomeados responsáveis: que recebem elogios de todo o mundo pelo ordenado, e impossível, ritmo de trabalho que impõem a este país solarengo e dos “quentuques” a sete tostões.

Gracias! Ide em pares e com o novo cartão de crédito para uso pessoal à la vontade!

Ah! e deixem-me governar em paz e pela união de fato com a gravata; as saias não saiam além-ao-mar, como as caravelas com seus motores e mapas de marear mares onde se ocultam vendavais inesperados. Ao Porto! Ao Porto devemos rumar com boa vontade e sede! E aos outros quando houver résteas... de tempo e demais travos!

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